É noite e você dirige em uma pista de mão dupla. Decide iniciar uma ultrapassagem, depois de avaliar favoravelmente as condições. Iniciada a manobra, ainda na contramão, um carro com as luzes apagadas sai repentinamente do acostamento e corta sua frente. Já pressionando o pedal do freio, você percebe que não haverá tempo e distância para parar. Seu coração dispara, a respiração acelera, seus músculos enrijecem e o corpo fica todo arrepiado. Por fim, consegue desviar e voltar para a faixa em que estava.
A manobra parece ter demorado uma eternidade, impressão causada pelo pavor que faz o corpo reagir de forma intensa. Mas o que acontece com nosso corpo diante de uma situação de tamanho estresse?
O cérebro é o primeiro órgão a ser acionado diante do perigo. Ele dá início ao processo para que o corpo se defenda ou ataque o inimigo. “O corpo desencadeia ações que ativam a produção de hormônios como a adrenalina”, diz o médico Dirceu Rodrigues Alves, diretor da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet). “Isso deixa o indivíduo em estado de alerta e em condições de reagir.”
Nossos músculos, então, passam a receber mais oxigênio, o que nos permite dobrar nossa capacidade de força para, por exemplo, pisar com tudo no freio. Um homem de 80 kg costuma aplicar uma força de até 30 kg no pedal. Ameaçado por um caminhão, isso pode subir para até 60 kg.
O tempo que levamos para reagir à ameaça também diminui e varia de acordo com o motorista. Um jovem saudável leva aproximadamente 0,75 segundo para definir uma ação. Mas esse tempo pode aumentar para 2 segundos se o condutor estiver sob efeito de álcool ou drogas.
Ameaça:Os músculos ficam mais tensos e os pelos, eriçados. Daí vem o arrepio. Essa reação não tem função no homem moderno. É apenas uma herança de nossos ancestrais macacos, que pareciam maiores e mais assustadores nessa condição.
Gestão:O sistema digestivo é paralisado a fim de guardar energia para uma emergência. Isso provoca redução da produção de saliva, o que dá a sensação de boca seca.
Periferia:Com o sangue direcionado para os órgãos vitais, outras áreas do corpo ficam com a irrigação sanguínea reduzida. Isso explica por que a pessoa fica pálida e com mãos e pés gelados.
Comando:Diante de uma ameaça, o hipotálamo (A), parte do cérebro que funciona como um despachador de hormônios, ativa a glândula hipófise (B). Ela, por sua vez, produz o hormônio ACTH, lançado na corrente sanguínea. É ele quem vai ativar as glândulas suprarrenais.
Preparação:Localizadas acima dos rins, as glândulas suprarrenais (D) são estimuladas a produzir os hormônios adrenalina (A), noradrenalina (B) e cortisol (C), potencializando a reação
Aquecimento:Esses hormônios entram na corrente sanguínea e provocam aceleração de batimentos cardíacos e aumento da pressão arterial para levar mais oxigênio (A) aos músculos. Isso os deixa aptos para, por exemplo, apertar com o dobro da força o pedal de freio.
Concentração:A vazão de sangue no interior dos vasos (A) aumenta a irrigação dos órgãos vitais. Com isso, extremidades como mãos e pés tendem a receber menos sangue (B). Isso ajuda a reduzir sangramentos em caso de ferimentos superficiais.
Abastecimento:A respiração se acelera e a frequência cardíaca sobe. A média de inspirações e expirações pode chegar a 40 por minuto, o dobro do normal. Os brônquios se dilatam para conduzir mais oxigênio para onde mais se precisa: coração, cérebro e músculos.
Informação:As pálpebras e as pupilas se dilatam, principalmente em ambientes com pouca iluminação. Assim, mais luz entra nos olhos e o assustado enxerga melhor o que está à frente. Os músculos do rosto se contraem.
UFA...
Nosso organismo não é mais o mesmo depois de um susto como esse. Mesmo que o motorista não sofra um único arranhão. O corpo demora um tempo para voltar ao normal e começa a se restabelecer gradualmente. Um dos sinais mais comuns dessa recuperação é o clássico tremor das pernas, típica reação pós-estresse.
Esse sintoma é resultado da contração dos músculos que nos conferem equilíbrio. O que poucos sabem é que isso ajuda a queimar a energia acumulada e o excesso de adrenalina produzida pelo corpo. Logo depois, vêm a fadiga e a indisposição. Afinal, boa parte dos órgãos teve de trabalhar muito durante o estresse. Como gastamos muitos nutrientes nesse processo, é comum também nos tornarmos compulsivos por comida e bebida, como forma de repor o que foi perdido diante do perigo.
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Um comentário:
boa...boa
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